O agente físico prejudicial ao trabalhador mais corriqueiro encontrado no ambiente laboral é o ruído ocupacional. Devido a alta exposição a condições insalubres à audição, muitos trabalhadores enfrentam problemas com a perda auditiva e isso representa um importante agravo à saúde e bem estar de toda sociedade.
A exposição ocupacional ao ruído acentuado afeta o comportamento do organismo e inúmeras reações são detectadas: aceleração da frequência cardíaca e respiratória, alteração da pressão arterial e da função intestinal, dilatação das pupilas, aumento do tônus muscular, avanço da produção de hormônios tireoidianos e estresse.
Há também apontamentos que ligam exposição a ruído ocupacional e acidentes de trabalho.
O ouvido, quando exposto ao ruído intenso, tem as células ciliares comprometidas, causando dano progressivo e irreversível da audição, doença avaliada como perda auditiva induzida pelo ruído.
Assim como os danos auditivos, a exposição ocupacional ao ruído causa o acúfeno ou tinitus, o famoso “zumbido”, que se categoriza como uma ilusão auditiva. Ou seja, o zumbido é uma assimilação auditiva que não está acontecendo no ambiente, irreal, que pode ser notada apenas pelo doente, que fica com a sensibilidade e detecção de sons prejudicada.
Efeitos auditivos da exposição ao ruído ocupacional
A perda auditiva associada ao trabalho, em especial a perda auditiva induzida por ruído (PAIR), é uma doença ocupacional frequente, destacando-se como uma piora à saúde do trabalhador mais dominante nas indústrias brasileiras.
Caracteriza-se por redução gradual da clareza auditiva num período de, comumente, 6 a 10 anos de exibição a elevados níveis de pressão sonora. A maior particularidade da PAIR é a alteração das células ciliadas na espiral do ouvido.
O trabalhador vítima de PAIR pode desenvolver alta sensibilidade a sons intensos, ouvir zumbidos e, por isso, reduzir a inteligibilidade da fala, refletindo diretamente na qualidade de sua comunicação oral.
Como é feita a avaliação da PAIR
Apesar do ruído no ambiente de trabalho ser avaliado como um dos principais gatilhos da perda auditiva ocupacional, outros sons de diferentes origens podem gerar déficit auditivo, quando presentes em conjunto com o ruído, causando efeitos negativos à audição.
Outros fatores são normalmente relacionados à ocorrência de perdas auditivas como:
- Idade;
- Traumatismo craniano;
- Exposição extra ocupacional ao ruído;
- Tabagismo;
- Doenças sistêmicas;
- Histórico familiar de déficit auditivo;
- Exposição a agentes químicos ocupacionais;
- Entre outros.
A avaliação do trabalhador exposto a ruído faz parte de um procedimento clínico e ocupacional, buscar assistência técnica em perícias médicas é essencial para identificar corretamente as causas, pois ela pode contribuir na análise da exibição ao risco, passada e atual, avaliando os sintomas peculiares.
É importante o detalhamento da exposição, para que fiquem claras as semelhanças entre ela, os sinais e sintomas.
A informação sobre o ambiente de trabalho também pode ser realizada por meio de visita ao local, avaliação de laudos técnicos da empresa em questão e documentos sobre fiscalizações, além do relato do paciente.
A descrição de PAIR de origem ocupacional é feita a partir de audiogramas e da constatação da existência de exposição ao ruído no ambiente de trabalho, considerando sempre a intensidade e a particularidade desse agente, bem como o modo de exposição.
É muito importante entender que a PAIR, na maior parte dos casos, não causa invalidez ao afetado, por isso, infelizmente, existem dificuldades na acusação desse agravo à saúde do trabalhador.
Evidencia-se, também, uma grande confusão entre as indústrias brasileiras na hora quantificar o nível de exposição individual ao ruído ocupacional.
Até o momento não existe tratamento para a PAIR, a alternativa disponível é uma reabilitação, que pode ser conseguida por meio de ações terapêuticas individuais e em grupo, nos casos mais rigorosos o paciente poderá necessitar de próteses auditivas.
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